A formação intelectual dos futuros sacerdotes se põe como algo urgente frente à nova evangelização e às colocações modernas. Tal formação “é como uma exigência insubstituível da inteligência com a que o homem, participando da luz da inteligência divina, trata de conseguir uma sabedoria que a sua vez se abre e avança ao conhecimento de Deus e a sua adesão” [1]. Esta formação implica dois momentos, um ordenado ao outro: o estudo da filosofia e o da Ciência Sagrada.

“Um momento da formação intelectual é o estudo da filosofia, que leva a um conhecimento e a uma interpretação mais profunda da pessoa, de sua liberdade, de suas relações com o mundo e com Deus” [2]. Este estudo é urgente, não só em vistas aos estudos teológicos posteriores, mas também diante a uma situação cultural de todo particular, que exalta o subjetivismo como critério e medida da verdade [3].

Jornada Tomista

Jornada Tomista no Seminário São José de Anchieta

Também aqui, na formação intelectual, o princípio e fim é Jesus Cristo. De maneira especial, Jesus Cristo conhecido através da Sagrada Escritura. Ele é a luz das Páginas Sagradas: “Abriu-lhes a inteligência para que compreendessem as Escrituras” (Lc 24,45). Entender a Bíblia é uma graça de Cristo: “…seus entendimentos estavam escurecidos, e até hoje existe este mesmo véu na leitura do Antigo Testamento, porque só com Cristo desaparece” (2 Cor 3,14). Ele é o centro da Escritura Santa: foi declarado tudo que a Ele se referia em todas as Escrituras” (Lc 24,27). Por isso “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo” [4]. Daqui que a Sagrada Escritura seja a “alma” da teologia [5].

Mas a leitura da Sagrada Escritura tem que ser feita “em Igreja”[6] porque …devem acima de tudo saber que nenhuma profecia da Escritura é (objeto) de interpretação própria (2Pd 1,20). E para isso é absolutamente necessária a mais estrita fidelidade ao Magistério supremo da Igreja de todos os tempos, norma próxima da fé.

Este estudo deve conduzir “a possuir uma visão completa e unitária das verdades reveladas por Deus em Jesus Cristo e da experiência de fé da Igreja; daí a dupla exigência de conhecer todas as verdades cristãs e conhecê-las de maneira orgânica”[7].

Declara o Pe. Carlos Buela, nosso fundador: “Temos a clara intenção, de maneira especial para nossos sacerdotes, porém, também para as irmãs, de seguir o magistério de Santo Tomás de Aquino. Porque assim manda a Igreja”. [8]

Se bem que a Igreja é rica em muitos santos e doutores, contudo Santo Tomás é o único Doutor expressamente recomendado e mandado para que se estudem nas escolas e universidades Católicas. São várias as citações das quais reportamos algumas:

Sto. Tomás de Aquino - Michel Serre

  • Papa João XXII: “Iluminou mais a Igreja que todos os outros doutores. Em seus livros aproveita mais o homem em um só ano que no estudos dos demais durante toda a vida.” [9]
  • Papa Leão XIII: “Muito acima de todos os doutores eclesiásticos brilha Santo Tomás, como príncipe e mestre de todos.” [10]
  • Concílio Vaticano II: “Tenha-se por Mestre Santo Tomás de Aquino, de maneira especial na Teologia e na Filosofia, na Filosofia perene que é a Filosofia de Santo Tomás” [11].
  • E o Papa Paulo VI, comentando sobre o Concílio Vaticano II, afirma: “É a primeira vez que um Concilio Ecumênico recomenda um teólogo, e este é precisamente S. Tomás de Aquino.” [12]
  • João Paulo II: “Precisamente por esta razão, a Igreja tem consistentemente proposto São Tomás como mestre de pensamento e modelo do jeito certo de fazer teologia”. [13]
  • O Código de Direito Canônico, Cân. 252, ao tratar da formação nos seminários, prescreve: “Haja lições de teologia dogmática, baseadas sempre na palavra de Deus escrita, juntamente com a sagrada Tradição, com cujo auxílio os alunos aprendam a penetrar mais intimamente o mistério da salvação, tendo por mestre principalmente a S. Tomás;
  • Papa Bento XVI – “Doctor Angelicus et communis, um modelo sempre atual … elaborou uma síntese notável de teologia, harmonizando totalmente a razão e a fé.” [14]

[1] Exortação Apostólica pós-sinodal sobre a formação dos sacerdotes na situação atual, Pastores dabo vobis, 25 de março de 1992, 51.
[2] Ibidem, 52.
[3] Cf. ibidem.
[4] SÃO JERÔNIMO, Comentário a Isaías, prólogo
[5] Cf. Decreto sobre a formação sacerdotal Optatam totius, 1965, 16.
[6] JOÃO PAULO II, Discurso ao Conselho internacional das Equipes de Nossa Senhora (17/09/1979); OR (30/09/1979), P. 8; passim.
[7] Pastores dabo vobis, 25 de março de 1992, 54.
[8] PADRE CARLOS MIGUEL BUELA, Elementos não negociáveis em nosso carisma, vídeo por ocasião dos 25 anos de fundação das Irmãs Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, 2013.
[9] Na abertura do processo de canonização de Santo Tomás, 1° de março de 1318.
[10] Aeterni Patris, 4 de Agosto de 1979.
[11] Optatam Totius, 1965
[12] Lumen Ecclesiae, 1974.
[13] Encíclica Fides et Ratio, 14 de Setembro de 1998.
[14] Discurso às Pontifícias Academias – 28/01/2010.