Aprendei de mim que sou doce e humilde do coração. A doçura é chamada a virtude do Cordeiro, isto é, de Jesus Cristo, que sob este nome quis ser designado: Eis o Cordeiro de Deus. Enviai, ó Senhor, o Cordeiro dominador da terra. E foi predito que ele na sua paixão se comportaria como um cordeiro: Permanecerá mudo como um cordeiro diante do tosquiador, e não abrirá a boca. Sou como um cordeiro cheio de mansidão, que levam a imolar no altar.

Assim a doçura foi a virtude predileta do nosso Salvador. Mostrou ele quanto era doce, beneficiando os ingratos, respondendo com bondade aos seus contraditores, e suportando sem se queixar os que o injuriavam e maltratavam: Quando o maldiziam, não amaldiçoava; quando o maltratavam, não fazia ameaças. Tendo sido flagelado, coroado de espinhos, cuspido, pregado na cruz e coberto de opróbrios, tudo esqueceu, e orou pelos que o tinham tratado tão indignamente. É propondo-nos um tal exemplo que nos exorta sobretudo à prática da humildade e da doçura.

cordeiro

De todas as virtudes, diz São João Crisóstomo, é a doçura que nos torna mais semelhantes a Deus. Na verdade, é próprio de Deus tornar bem por mal, conforme a palavra do Redentor: Fazei bem aos que vos odeiam… para serdes verdadeiros filhos do vosso Pai que está nos céus, e faz nascer o sol sobre os bons e os maus. E é o que ainda faz dizer a São João Crisóstomo — que são apenas os homens doces, que Jesus Cristo apelida imitadores de Deus.
Aos que são doces é prometido o Paraíso. “A doçura, diz São Francisco de Sales, é a flor da caridade”. E o Eclesiástico declara que um coração doce e fiel faz as delícias do Senhor. Os que são doces não sabe Deus repeli-los. Sempre lhe são extremamente agradáveis as orações dos humildes e doces.

Ora, a virtude da doçura consiste em duas coisas: 1.ª em reprimir os movimentos de cólera contra os que os provocam; 2.ª em suportar os desprezos.

(A Selva – Santo Afonso Maria De Ligório, Sétima Instrução, sobre a doçura)