Consideramos que nossa espiritualidade deve estar profundamente marcada por todos os aspectos do mistério da Encarnação. Extraídos das nossas Constituições, os pontos a seguir podem resumir descritivamente alguns elementos do nosso itinerário espiritual.

1. Profunda e radical devoção a Santíssima Trindade, princípio ativo da Encarnação: ao Pai enquanto que é princípio do Filho: “Saí de Deus e dele venho” (Jo 8,42); e ao Espírito Santo enquanto que é o Amor pessoal de que procedem todas as obras divinas: “Por obra e graça do Espírito Santo”[1].

2. Centralidade e primazia de Jesus Cristo. Em nossas vidas e ações deve primar “o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino e o mistério de Jesus de Nazaré Filho de Deus”[2], de tal maneira vividos que não devemos antepor nada a seu amor. Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, quem em sua única pessoa divina une ambas naturezas; por isso confessamos que verdadeiramente o Verbo se fez carne (Jo 1,14), que é mediador entre Deus e os homens (1 Tim 2,5),  e que é o Único que tem palavras de vida eterna (Cf. Jo 6,68).

3. Amor as três coisas brancas da Igreja: a Eucaristia que prolonga, por obra do sacerdócio católico, a Encarnação sob as espécies de pão e vinho; a Santíssima Virgem Maria, que deu o sim para que de sua carne e sangue o Verbo se fizesse carne[3]; e o Papa, presença encarnada da Verdade, da Vontade e da Santidade de Cristo.

As três coisas brancas da Igreja

As três coisas brancas da Igreja

4. Primazia do espiritual em todo nosso pensar, sentir e proceder, já que Deus é quem obra em vós o querer e o obrar segundo sua vontade (Fl 2,13), e porque é claríssimo o ensinamento do Verbo Encarnado: “Buscai primeiro o Reino de Deus sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado” (Mt 6,33).

5. Total abandono à vontade de beneplácito de Deus a exemplo da Virgem Maria, que nos ensina a dizer: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

6. Desejo de viver intensamente as virtudes da transcendência: fé, esperança e caridade, a fim de ser sal e ser[N2]  luz (Mt 5,13) para não ser do mundo[4]; e viver intensamente as virtudes do aniquilamento de Cristo: humildade, justiça, sacrifício, pobreza, dor, obediência, amor misericordioso, em uma palavra tomar a cruz[5].

7. Aspiramos abraçar a prática das virtudes aparentemente opostas, contra toda falsa dialética: respeitar, sem misturar, as essências das virtudes; evitar toda falsa duplicidade praticando a veracidade, a fidelidade, a coerência e a autenticidade de vida, contra toda falsidade, infidelidade, simulação e hipocrisia; restaurar, integralmente, em Cristo, todas as coisas. Porque é necessário que Ele reine até que ponha todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. (1 Cor 15,25), O desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus  e as que estão na terra (Ef 1,10).

Espiritualidade

“É necessário que Ele reine até que ponha todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. (1 Cor 15,25)”

8. Zelo pela glória de Deus. O Pai ao introduzir o seu Primogênito no mundo[6] manifesta sua glória: nós vimos sua glória (Jo 1,14) e em tudo queremos ter essa reta intenção: fazei tudo para glória de Deus (1 Cor 10,31).

9. Zelo pelo bem integral do homem. Como “todo homem é em certo sentido a via da Igreja”[7] e “o mistério do homem só se esclarece à luz do mistério do Verbo Encarnado”[8], queremos trabalhar por seu bem integral revelando-lhe sua natureza, sua dignidade, sua vocação, seus direitos inalienáveis, sua liberdade, seu destino eterno obtendo a meta da fé, a salvação das almas[9]. Tudo o que conduza à visão de Cristo formado[10] nos homens é para nós objeto de máxima atenção e ação apostólica.


[1] Missal Romano, Credo Nicenoconstantinopolitano; Dz 7.
[2] Paulo VI, Evangelii nuntiandi, 22.
[3] Cf. Jo 1,14.
[4] Cf. Jo 17,16.
[5] Cf. Mt 16,24.
[6] Cf. Heb 1,6.
[7] RH, 13; DM, 1.
[8] GS, 22.
[9] Cf. 1 Ped 1,9.
[10] Cf. Gal 4,19.